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Síndrome do pânico

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Por Gisele S. Teixeira Bellinello - psiquiatra

Lara, 18 anos, prestes a fazer vestibular, de repente, começa a sentir dor no peito, palpitações, coração acelerado, falta de ar e sufocamento intensos, tremores, suor excessivo, náuseas e dores abdominais, tonturas, formigamentos, parecendo que parte do corpo está anestesiada, uma sensação insuportável de que irá morrer; imediatamente procura o pronto socorro, com pressão um pouco alta, logo após o atendimento os sintomas diminuem, fica em observação, realiza os exames necessários, com resultados normais e é informada pelo médico que a crise não tem origem cardíaca, não entendendo o que lhe aconteceu. As crises se repetem, tornando-se cada vez mais frequentes e surgindo um medo intenso de sofrer uma nova crise, isolando-se das amigas para evitar saídas e atividades de lazer, passando a evitar reuniões e lugares fechados ou aglomerações, com medo intenso de sair de casa, dificuldade para ir ao cursinho e estudar em casa. Após longo período de sofrimento, por insistência de sua prima, que já estava em tratamento e sentia-se bem, vai à consulta com psiquiatra e descobre o que está acontecendo: tem síndrome do pânico.

O que é Síndrome do Pânico?

A Síndrome (ou Transtorno) do Pânico é um dos transtornos de ansiedade, ocorre em 2 a 4% da população, geralmente se inicia no fim da adolescência ou no adulto jovem, mais em mulheres, podendo ter um curso crônico e recaídas quando não tratado. É associado à desregulação de circuitos cerebrais e neurotransmissores, especialmente serotonina, à presença de familiares com transtornos depressivos ou de ansiedade, a situações de estresse ou mudanças e à história de traumas na infância.

Caracterizada por crises de ansiedade muito intensa, com frequência sem fator desencadeante, podendo ter uma gama de sintomas psíquicos e físicos, como tremores, sudorese, falta de ar e sufocamento, dor torácica, palpitações e taquicardia, tonturas, sensação de desmaio, náuseas, vômitos, dor abdominal, ondas de frio ou de calor, medo intenso de perder o controle ou enlouquecer, sensação de que está morrendo ou sofrendo um ataque cardíaco. Sem tratamento, os episódios tornam-se muito frequentes e surge o medo de ter novas crises, fazendo com que haja limitação cada vez maior, reduzindo atividades prazerosas e o bem-estar.

Podem ocorrer repetidas buscas por pronto atendimentos ou cardiologistas com resultados dos exames normais e muitas vezes há demora e dificuldade em aceitar a avaliação especializada do médico psiquiatra.

Tratamento

O melhor tratamento é a associação de medicamentos e psicoterapia, atividade física regular, rotina de sono, redução da ingesta de cafeína e estimulantes, exercícios de relaxamento e meditação, entre outros. Há uma variedade de medicamentos disponíveis, com diversos mecanismos de ação e distintos perfis de efeitos colaterais, por isso é fundamental a avaliação psiquiátrica criteriosa para escolher individualmente a melhor opção, visando cessar os sintomas e retomar a qualidade de vida.