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Todo ano, com a aproximação do Dia das Mães, somos inundados com mensagens que mostram o quanto a mãe é cuidadora, protetora, zelosa, faz tudo pelos filhos e preza pelo bem estar deles acima de tudo. O que é verdade! Porém, por trás de toda esta dedicação, existe uma mãe que também é mulher, esposa, filha, amiga, profissional. Dentro de tantos papeis que a mulher exerce, o ser mãe é um deles. Isso significa que são muitas as responsabilidades que a mulher com filhos tem todos os dias e é desafiador conciliar todas estas atividades com excelência o tempo todo. E este é o ponto.
Há um "fardo" culturalmente construído de que as mulheres precisam dar conta de tudo (e muito bem) sozinhas, mas isto foge da nossa condição humana: o de dar conta de tudo "fulltime". Por isso, contar com uma rede de apoio que permita a divisão de tarefas cotidianas, composta pelo(a) parceiro(a), pais, avós, ou seja, pessoas mais próximas desta mãe, se faz muito importante. O papel do(a) parceiro(a) não é ajudar, mas sim dividir as tarefas de casa, cuidados de higiene e alimentação do filho, buscar na escola, atentar-se às consultas ao pediatra e ao dentista, atividades extracurriculares, estar sensível às necessidades da mulher, o que inclui cuidados e tempo para ela mesma.
Em relação à vida profissional, a maioria das mulheres toma a decisão de continuar exercendo seu trabalho, o que torna a rotina de mãe ainda mais desafiadora. Exigem das mulheres que trabalhem como se não tivessem filhos, e que cuidem dos filhos como se não trabalhassem. Muitas delas entram em um processo de muito estresse e culpa por não sentirem-se boas mães quando estão no trabalho, e profissionais ruins quando estão com seus filhos. Porém, cada mãe sabe o que é melhor para o seu filho e para si, o que significa muitas vezes tomar decisões difíceis, como colocar o filho na creche ainda bebê ou contratar uma cuidadora para dedicar-se ao trabalho e se ver realizada profissionalmente.
Grande parte do conteúdo desta culpa deriva desta cultura que nos ensina que o maternar deve ser em tempo integral, o que não é verdade. Não há a relação direta entre cuidado em tempo integral e ser uma mãe melhor. A variável qualidade deve mais valorizada que a variável quantidade, o que significa focar em como a mulher vive o seu tempo com o seu filho - isto é o que importa. É absolutamente normal a mulher refazer planos de carreira e imaginar-se em outras áreas para dedicar-se mais aos filhos. As prioridades podem mudar e isto é muito saudável. Sabe-se que no primeiro momento, a vida profissional pode se alterar com a chegada dos filhos, por isso é importante que a mulher esteja flexível em discutir novas possibilidades de atuação profissional caso seja necessário. E querer dedicar-se às atividades profissionais, que fique claro, não significa ser "menos mãe" que aquelas mulheres que optaram por trabalhar em casa.
Hoje, as mães estão mais seguras e dispostas a assumir que a maternidade não é todo este romance como retratado antigamente. Que ser mãe zelosa não significa "saber tudo", mas sim estar consciente em tentar fazer o melhor para seu filho, assumindo que dentro de tantos erros há o desejo de acertar e, principalmente, construir uma relação de proximidade, de afeto, de amor e de uma conexão imensurável.
Embora exista o ideal de que as mães estejam sempre bem, com filhos felizes e saudáveis o tempo todo e que não há interferência na vida profissional, o cenário atual aponta que as mulheres estão buscando falar mais sobre a maternidade real, em grupos de redes sociais, encontros e rodas de conversa em que há o apoio e a segurança deste acolhimento. Ser mãe é uma delícia, é doçura, mas também traz consigo os desafios impostos na maternidade. Quem ganha com este espaço somos nós, mamães! E que estejamos cada vez mais dispostas a nos tornarmos vulneráveis neste mar de sentimentos e sensações, conscientes que a maternidade é melhor vivida quando ao lado de pessoas que estejam sensíveis a estas questões e tornem as coisas mais leves. Feliz Dia das Mães!"
Claudia Razente Cantero é mãe da Maitê e psicóloga no Núcleo Evoluir em Londrina