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Por Isabella Canezim, estagiária de Psicologia do Núcleo Evoluir
A expectativa de vida no Brasil é um fenômeno que tem crescido significativamente. Tanto em grupos científicos quanto no senso comum, foi constatado que, sob a influência da queda da mortalidade e queda da fecundidade, a população idosa está se expandindo cada vez mais.
Simultaneamente, o aumento das dificuldades enfrentadas por este grupo social reverbera diretamente na saúde dos idosos e dos seus cuidadores (LAZARDO; GORIN; SILVA, 2006).
A doença de Alzheimer se enquadra nesse cenário como uma das demências que mais tem afetado o público idoso. Tal doença compromete "sua integridade física, mental e social, acarretando uma situação de dependência total com cuidados cada vez mais complexos [...]" (LAZARDO; GORIN; SILVA, p. 588, 2006).
Perante a complexidade dessa doença, é necessário se compreender que ela não tem cura. Portanto, se o paciente já for diagnosticado com Alzheimer, parentes e cuidadores devem aceitá-la e buscar alternativas que amenizam e retardam seus efeitos (Lima, 2006).
Existem diversos fatores que podem facilitar o desenvolvimento dessa doença. Histórico familiar (LIMA, 2006 apud CUMMINGS e COLLE, 2002), baixa escolaridade (LIMA, 2006 apud TYAS et al., 2001; BRANDT e HANSER, 2004), histórico de depressão (LIMA, 2006 apud JORM, 2000; GEERLINGS et al., 2000), altos níveis de estresse, uso de drogas e doenças vasculares (LIMA, 2006 apud SKOOG et al., 1999; KORNHUBER,2005) são exemplos desses fatores que, combinados, aumentam o risco de uma pessoa desenvolver o Alzheimer antes mesmo de alcançar a velhice.
Desse modo, autores afirmam a necessidade de medidas adequadas para a prevenção do desenvolvimento da DA. Apesar da dificuldade de encontrar provas de que a aplicação de tais medidas seja definitivamente bem-sucedida e estabelecer relações entre fatores alteráveis, existem pesquisas que mostram condições que podem ajudar a prevenir a doença (Carretta e Scherer, 2012).
A atividade física é uma prática que possui grande eficácia na prevenção do Alzheimer. Além de influenciar nas funções cognitivas (memória, atenção, percepção e raciocínio) físicas e motoras, ela melhora a autoestima, promove o bem-estar e aumenta capacidades sociais (Ferreira e Catelan-Mainardes, 2012).
Além disso, a prática de atividades físicas aumenta o fluxo sanguíneo cerebral, estimulando a oxigenação do cérebro e os níveis de neurotransmissores, melhorando a flexibilidade mental e atividades mentais nesses indivíduos (Ferreira e Catelan-Mainardes, 2012).
A dieta também possui um papel fundamental na prevenção de doenças crônicas relacionadas a idade. A hipertensão, diabetes e obesidade são agentes de risco que podem ser prevenidos através de uma dieta balanceada, principalmente aquelas ricas em antioxidantes, de acordo com pesquisas. A ingestão de frutas, vegetais, pão, cereais, azeite, peixe e vinho tinto podem prevenir o desenvolvimento da DA (Carretta e Scherer, 2012).
A depressão pode afetar significativamente a evolução dessa demência. Autores sugerem estudos adicionais para verificar se o tratamento de sintomas depressivos pode prevenir a doença de Alzheimer. Entretanto, um treino cognitivo pode ser uma prevenção secundária em indivíduos com histórico depressivo. (Carretta e Scherer, 2012).
O treino cognitivo está relacionado a identificação de competências que envolvem as atividades educacionais e profissionais que o indivíduo realizou ao longo de sua vida. Exercícios de natureza intelectual, social e de lazer propiciam um menor declínio cognitivo, podendo diminuir o risco da doença. É comprovado que, idosos ativos cognitivamente, apresentam menor risco de desenvolvimento de doenças demenciais (Carretta e Scherer, 2012).
Além desses, vários outros fatores podem ser considerados, uma vez que estes também variam individualmente.Nesse ponto, a psicologia possui um papel essencial na prevenção da DA.
A modificação do estilo de vida e de padrões comportamentais pode ser realizada através de uma intervenção terapêutica, a qual diminui os riscos e aumenta significativamente a autonomia e a qualidade de vida dessas pessoas (Ferreira e Catelan-Mainardes, 2012).
Portanto, no mês de conscientização e luta contra o Alzheimer, é importante reforçar a importância desta doença ser considerada uma prioridade de saúde pública. Além disso, devemos lembrar que os indivíduos acometidos por essa doença precisam de cuidados específicos e apoio de familiares e amigos. A tolerância, compreensão e empatia são cruciais para que essas pessoas se sintam valorizadas e vivam da forma mais satisfatória possível.
REFERÊNCIAS
CARRETTA, Marisa Basegio; SCHERER, Sabrina. Perspectivas atuais na prevenção da doença de alzheimer. Estud. interdiscip. envelhec., Porto alegre - RS, v. 17, n. 1, p. 37-57, 2012.
FERREIRA, Dhuani Claro; CATELAN-MAINARDES, Sandra Cristina. Doença de alzheimer: como identificar, prevenir e tratar. VI mostra interna de trabalhos de iniciação científica, Maringá - PR, out. 2012.
LIMA, Juliane Silveira. Envelhecimento, demência e doença de alzheimer: o que a psicologia tem a ver com isso? Revista de ciências humanas, Florianópolis - SC, n. 40, p. 469-489, out. 2006.
LUZARDO, Adriana Remião; GORINI, Maria Isabel Pinto Coelho; SILVA, Ana Paula Scheffer Schell Da. Características de idosos com doença de Alzheimer e seus cuidadores: uma série de casos em um serviço de neurogeriatria. [dissertação], Porto alegre - RS, 2006.