Notícia RELEASE


Justiça social tem reflexo sobre bem-estar e saúde mental

Pixabay

O desenvolvimento de um País para além de questões econômicas passa pela Justiça Social, assegurando a cada cidadão as liberdades políticas e os direitos básicos e oferecendo oportunidades por meio de estratégias que minimizem os impactos das desigualdades sociais. Pensando nisso, no final da década passada a ONU criou o Dia Mundial da Justiça Social, comemorado em 20 de fevereiro, reconhecendo a necessidade de promover esforços para enfrentar questões como pobreza, exclusão e desemprego.

Gisele S. Teixeira Bellinelo, médica psiquiatra no Núcleo Evoluir em Londrina, destaca os impactos da desigualdade e pontua que há uma forte relação entre justiça social e saúde mental, que por sua vez é influenciada por fatores biológicos e do meio, contextos e situações vividas. Como exemplo, Gisele lembra que famílias mais carentes podem ter mais dificuldade de acesso a saneamento, alimentação saudável, atendimento pré-natal e ambiente adequado para o nascimento de qualidade, refletindo em maior incidência de complicações perinatais e risco aumentado de sequelas neuropsiquiátricas, incluindo déficit intelectual.

“As minorias sociais também podem ser mais vulneráveis a problemas psicológicos e psiquiátricos e ter mais dificuldade de acesso a tratamento de qualidade, como no caso da população LGBTI, que apresenta risco aumentado de comportamentos suicidas”, observa a médica.

No ambiente econômico, Gisele pontua que uma boa condição financeira e estabilidade no emprego e mercado de trabalho não são garantias de felicidade, bem-estar, equilíbrio emocional e ausências de doenças psiquiátricas. Porém, destaca ela, a instabilidade no mercado de trabalho e o desemprego influenciam negativamente a saúde mental. “Muitas vezes essa situação gera conflitos emocionais, conjugais e familiares, reduz a autoestima, aumenta os sintomas de ansiedade, crises de pânico, desencadeando ou piorando quadros depressivos, elevando o risco de comportamentos suicidas e suicídio”, lamenta a médica psiquiatra.

Relacionando o acesso à saúde e segurança de qualidade, Gisele lembra que qualidade de vida, segundo a Organização Mundial da Saúde, pode ser avaliada sob seis domínios: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente (incluindo segurança, ambiente no lar, recursos financeiros, disponibilidade e qualidade de serviços de saúde, oportunidades de adquirir conhecimentos, participação em atividades de lazer) e espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais. “Portanto, ter oportunidades e vivenciá-las de maneira positiva favorece a sensação de bem-estar e saúde mental”, reforça.

Ainda, a médica frisa que a menor desigualdade social poderia beneficiar a qualidade de vida e, por consequência, a saúde mental das pessoas, uma vez que reduziria situações de risco, ao mesmo tempo em que proporcionaria acesso precoce e de qualidade a profissionais capacitados, como psicólogos e/ou psiquiatras (dependendo do caso) para tratamento, reabilitação e retorno à funcionalidade, saúde e bem-estar físico e mental.